Os avanços científicos na reprodução humana revolucionaram a maneira como compreendemos, diagnosticamos e tratamos problemas de fertilidade.
Há mais de 100 anos já estavam em andamento estudos sobre a capacidade de reprodução e buscas para resolver questões de infertilidade.
Todavia, a partir de 1978, quando veio ao mundo o primeiro bebê de FIV, as técnicas passaram a ser aprimoradas de forma muito mais rápida. Naquela época, era preciso mais de uma centena de tentativas para conseguir um bebê nascido vivo e saudável. Ampla maioria dos tratamentos falhava na formação de embriões ou mesmo na manutenção da gestação.
Em 1992 foi relatada a primeira gestação pela técnica de ICSI, que originalmente foi desenvolvida para fatores masculinos graves, que não tinham sucesso com a FIV tradicional.
Ainda na década de 80 começaram os primeiros métodos de criopreservar óvulos e embriões, ainda por uma metodologia de congelamento lento, que progrediu nos anos 2000 para a técnica de vitrificação, com resultados clínicos muito superiores.
Em 1986 foi relatado o primeiro nascimento de uma gestação de substituição, ou seja, com o útero de outra mulher, o que proporcionou oportunidades para mulheres do mundo todo que não podiam gestar por motivos biológicos a serem mães. Em 2014, mais uma revolução: o nascimento do primeiro bebê a partir de um útero transplantado de uma doadora viva.
No início dos anos 90 foram realizados os primeiros testes genéticos pré-implantacionais (PGT), devido à observação da grande quantidade de anormalidades cromossômicas presentes nos embriões humanos. Inicialmente o objetivo era a avaliação cromossômica. Com o tempo, as técnicas de biologia molecular para o diagnóstico foram sendo aprimoradas da citogenética para técnicas mais robustas, chegando ao sequenciamento de última geração hoje disponível. Hoje, além da análise cromossômica é possível avaliar alterações genéticas específicas de cada família.
Com a melhoria dos meios de cultivo e das incubadoras, o cultivo até o estágio de blastocisto foi estabelecido e, com isso, o PGT passou a ser realizado não mais em embriões no estágio de mórula, mas sim no estágio de blastocisto, quando há um maior número de células disponíveis, reduzindo erros e ausência de diagnóstico.
Enquanto isso, os protocolos de estimulação ovariana foram amplamente estudados e novas medicações desenvolvidas pela indústria farmacêutica. Hoje temos diversas opções de protocolos com indicações específicas para cada caso.
Atualmente, vivemos na reprodução assistida a era da inteligência artificial acoplada a incubadoras, em prol da seleção de embriões com maior viabilidade, além da análise genética de meios de cultivo de embriões, a fim de evitar uma biópsia dos embriões para o PGT.
Estão em andamento pesquisas a respeito de edição genética de embriões com alterações genéticas graves. Esta técnica tem o potencial de modificar o DNA de embriões humanos. Isso poderia ser usado para corrigir defeitos genéticos ou introduzir características desejadas.
Em animais, já temos também o desenvolvimento de gametas a partir de células tronco adultas, o que poderia trazer esperança a casais que não possuem gametas a poderem ser pais biológicos.
Até mesmo um embrião sintético já foi produzido. Incubadoras similares a úteros artificiais estão sendo avaliadas em animais.
À medida que a ciência continua a avançar, é crucial que haja discussões abertas e orientação ética para garantir que essas tecnologias sejam usadas de maneira responsável e equitativa. O futuro da reprodução humana promete mais inovações, mas também requer uma consideração cuidadosa de suas implicações sociais, éticas e legais.
Bem vindo ao Admirável mundo novo da Reprodução Assistida!
Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva
Secretaria Executiva
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